Acesso à internet, um indicador de desigualdade

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Data de publicação: 19/09/2018

O acesso à web é considerado pela Unicef um indicador de desigualdade. O relatório Situação Mundial da Infância 2017: as crianças em um mundo digital, mostrou que, no mundo, 29% dos jovens entre 15 e 24 anos não têm acesso à internet. São 346 milhões de pessoas. Na África, esse índice é de 60%, enquanto na Europa não passa de 4%.

No Brasil, o estudo TIC Domicílios 2017, divulgado no fim de julho pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br), apontou que mais de um terço das residências (27 milhões) não têm acesso à internet. Se consideradas apenas as classes D e E, o índice de desconectados chega a 70%. O principal motivo é o custo do serviço, seguido da falta de habilidade para navegar na web.

Por que a falta de internet leva à desigualdade? Quais os benefícios da inclusão digital? É só pensar em todas as facilidades que o mundo digital nos proporciona e teremos a resposta: informação, cursos, serviços bancários, lojas onlines, redes sociais, negócios. Para ampliar o acesso dos brasileiros à internet e permitir o uso de recursos que impulsionam a educação e a integração, o papel das empresas se mostra complementar aos incentivos governamentais.

“A internet é hoje um agente de desenvolvimento. A conexão digital de qualidade possibilita ao cidadão uma série de facilidades, desde abrir negócios online até encontrar informações sobre emprego e fazer cursos profissionalizantes.” É o que afirma Viviane Goulart, gerente de inovação e marketing da Cianet, empresa catarinense referência em produtos e desenvolvimento de tecnologia para o mercado de provedores regionais de internet. “Nosso compromisso é desenvolver tecnologias que possam reduzir custos do provedor de internet e melhorar a experiência do assinante de planos de dados”.

Em parceria com os provedores regionais, a empresa criou o ISP Next Lab, laboratório para desenvolvimento de soluções com foco em inteligência artificial e internet das coisas. “Os provedores regionais têm sido protagonistas na democratização da banda larga no Brasil. Nos últimos dois anos, eles dobraram o número de usuários atendidos”, observa a executiva Sílvia Folster, CEO da Cianet. A cidade brasileira com maior porcentagem de pessoas com acesso a internet rápida é Florianópolis, com 18,79% da população, segundo o Índice Cidades Empreendedoras da Endeavor, organização global de fomento ao empreendedorismo.

Para aprender – Quando uma criança cresce em um ambiente sem inclusão digital, ela estará em desvantagem no mercado de trabalho. Por isso, laboratórios de informática com internet em escolas são tão importantes. Apesar disso, nem todas as organizações de ensino possuem condições de proporcionar o acesso à internet. Aí entra o papel das ONGs como o Comitê para Democratização da informática (CPDI).

A organização atua na região sul do país levando o ensino da programação e conhecimentos básicos de informática para comunidades carentes ou do interior. O CPDI oferece projetos como o Aprendendo a Programar, que ensina a linguagem dos códigos para jovens carentes, possibilitando a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho cada vez mais tecnológico.

Além de conectar pessoas a oportunidades, a internet pode ser ela mesma a chance de mudar de vida. Soluções como aplicativos e sites estão crescendo e ganhando o espaço de instituições estabelecidas, como bancos, empresas de transporte e hotéis. Para oportunizar que todos que tenham interesse possam fazer parte dessa nova economia, a Cheesecake Labs — empresa que desenvolve aplicativos sob demanda — mantém projetos que ensinam programação para jovens e minorias de forma gratuita. O Mão na Massa ensina programação básica e avançada para jovens de Florianópolis e o Coding Dojo Girls é focado no ensino da profissão para minorias.

Para empreender

A internet é uma grande aliada também para a geração de negócios, ajudando a movimentar a economia a desenvolver empresas, mesmo que em estágio inicial. A HostGator, empresa de soluções para presença online, aposta em ferramentas como o Criador de Sites, que ajuda pessoas sem conhecimento técnico em desenvolvimento e webdesign a criar websites, blogs e lojas virtuais.

É um dos serviços mais procurados da empresa. Muito desse interesse vem dos pequenos empreendedores. Pesquisa com usuários registrou que 44% são de pequenas empresas, 32% têm um site pessoal ou blog, enquanto 18% são de grandes lojas ou marcas. “Garantir a presença na internet é fundamental para o sucesso de um negócio”, ressalta o Gerente de Desenvolvimento da HostGator, Vandré Ramos. A HostGator disponibiliza, inclusive, materiais gratuitos para otimizar a presença online.

O acesso à internet também é importante para o empreendedor fazer a gestão do negócio. São inúmeros os aplicativos que ajudam a administrar a empresa com um custo menor. A Asaas, de Joinville, oferece soluções para a área de gestão da cobrança, processo que costuma tomar muito tempo dos micro e pequenos empresários. Com o aplicativo da empresa é possível cobrar seus devedores e fazer toda a gestão dos recebidos de uma forma rápida e fácil. Não é preciso ter conta em banco, apenas acesso à internet.

Para exercer a cidadania

A inclusão digital também é importante para garantir acesso de um número cada vez maior de cidadãos a informações e serviços públicos. Cidades como Rio do Sul, Ituporanga e Pinhalzinho utilizam uma ferramenta tecnológica para gestão de saúde que permite ao cidadão marcar consultas via aplicativo, além de acessar resultados de exames anteriores e a disponibilidade de determinado medicamento no posto de saúde.

A plataforma, desenvolvida pela IPM Sistemas, ainda usa tecnologia de geolocalização para acompanhar o programa saúde da família, permitindo identificação de gestantes; diabéticos, hipertensos, entre outros. Em Rio do Sul, cidade de 70 mil habitantes, 700 moradores baixaram o aplicativo. A administração acredita que a difusão da internet deve elevar a adesão.

Fonte: itforum365